Falta de segurança deixa alunos da UFPel em alerta

Eduardo tem 18 anos, é estudante de licenciatura em História no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O rapaz caminhava junto com a namorada pela rua Alberto Rosa em direção ao campus por volta das 18h50min da última quarta-feira quando foi abordado por três homens, uma quadra antes de chegar no destino. O trio levou a bolsa da menina e o celular do jovem. Por volta das 19h30min a polícia chegou para realizar o boletim de ocorrência do crime. Eles chegaram a caminhar nas imediações para tentar identificar os criminosos, mas não obtiveram sucesso. Segundo Eduardo, naquele mesmo dia, uma menina foi assaltada às 17h e outro casal às 21h. Um dia depois, na quinta-feira, seis jovens entre 18 e 19 anos foram abordadas no mesmo local por dois homens enquanto saíam da aula, também no ICH, por volta das 20h30min. Elas se deslocavam pela rua Alberto Rosa e foram atacadas por dois homens que, através de ameaças com arma de fogo, levaram as bolsas das seis estudantes do 4° semestre de Antropologia.

Cenas de violência têm sido presenciadas quase todos os dias pelos alunos da universidade que têm aula nos campi localizados na zona portuária da cidade. Alunos do ICH, do Centro de Artes e Design (IAD), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb), do Campus Porto e do Curso de Dança têm vivido momentos de insegurança diariamente, chegando e saindo da aula. "Estamos à mercê, fui assaltado às sete da noite, era cedo", colocou Eduardo Joanol, o primeiro jovem citado na matéria.

A reportagem do Diário Popular não conseguiu contato com nenhuma das seis alunas do curso de Antropologia, pois todas tiveram seus celulares roubados. A história foi contada pela colega Shaiane Quadrado, de 21 anos, que não estava junto com o grupo pois havia ficado no campus com outro colega para tirar uma dúvida com um professor. "Na nossa turma existem apenas oito pessoas, seis foram assaltadas ao mesmo tempo" colocou ela.

Casos como este são vivenciados há anos pelos alunos da universidade, e não são novidade deste ano. Carolina Gaessler veio para Pelotas em 2010 para ingressar no curso de Cinema e Animação. Ela foi assaltada saindo de uma aula no IAD cinco dias após se instalar na cidade. A estudante, natural de Santos, estava com um colega e uma colega, todos vindos do interior de São Paulo, quando foram atacados por dois homens que estavam escondidos atrás de um prédio. Um deles estava com uma arma de fogo e apontou diretamente para o rapaz. O outro retirou as três mochilas. "Estávamos há muito pouco tempo na cidade, muitos documentos foram levados, foi roubada até minha chave de casa", contou Carolina, que afirma ter ficado bastante assustada com o seu primeiro contato com Pelotas.

Reunião
Representantes da universidade participaram de uma reunião na tarde de segunda-feira (13) com um grupo de alunos que formaram uma espécie de comitiva para conversar sobre a onda de assaltos com a instituição. A pró-reitora de assuntos estudantis Rosane Brandão ouviu os alunos e garantiu que a universidade tentará auxiliar para o fim do problema. "A situação não é intrínseca à universidade mas envolve os estudantes, desta forma tentaremos firmar parcerias." Segundo ela, os alunos contabilizaram mais de dez assaltos só no início da semana passada. A UFPel irá procurar a Brigada Militar (BM) e a prefeitura para juntos buscarem resolver a situação. Uma reunião será realizada com os alunos na próxima segunda-feira, dia 20, às 19h, no campus Porto para debaterem possíveis alternativas. Toda a comunidade escolar será convidada.

Iniciativa
Os alunos do curso de Dança que têm aulas no antigo prédio do Grupo Tholl, localizado na rua Almirante Tamandaré, já vêm há algum tempo adotando uma medida de segurança cooperativa. O primeiro que sai de aula aguarda os outros colegas para caminharem juntos até o Centro. Segundo a estudante Karen Rodrigues, eles compõem um grupo de oito pessoas. "Tivemos alguns colegas que foram assaltados na frente do campus, por isso vamos juntos até o Centro."

Policiamento
Segundo informações do capitão Rodrigo Bastos Alves, responsável pelo policiamento na região onde tem acontecido os assaltos, existe uma equipe que monitora toda a movimentação das áreas estudantis tanto no Porto quanto na cidade chamada Força de Emprego Tático (FET). Ele explica que este policiamento é considerado suficiente. "O que acontece é que muitas pessoas não registram os assaltos que acontecem e não podemos priorizar o que oficialmente não é um problema", acrescentou.

Dicas de segurança

• Não carregar objetos de valor para a aula, principalmente no período da noite
• Andar sempre em grupos
• Buscar informar a família e os amigos quando está saindo ou chegando da aula

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