O pescador Paulo Roberto da Silva Pereira, 57 anos, conta que viu o momento da queda:
- Ele se desequilibrou e caiu de costas na água. Ainda tirou o capacete e uma das botas. Nós gritávamos para ele boiar, mas ele deu umas braçadas em direção à margem, ficou dois minutos se debatendo na água e depois sumiu.
Segundo o sargento Dagoberto Barbosa Oliveira, dos Bombeiros de Pelotas, o Canal São Gonçalo tem duas correntezas, o que dificulta as buscas. O ideal, segundo ele, seria ter uma equipe submersa, mas a coloração escura da água e as condições climáticas não permitem esse tipo de trabalho. O que se faz hoje é uma procura superficial, com lanchas. O comandante do navio de Fonseca, Maurício Mendonça Alves, 35 anos, lembra do dia:
- Nenhum de nós viu ele cair, apenas fomos avisados pela rádio cerca de 40 minutos depois. Os pescadores fizeram contato com os Bombeiros, que ligaram para a Marinha e nos avisou. Da cabine, é difícil de visualizar o convés, tem muitos pontos cegos, além de ficarmos sempre olhando o horizonte.
O navio que Fonseca trabalhava, chamado Trevo Azul, fazia carga de celulose de Pelotas à Porto Alegre e vice-versa. A tripulação é composta por sete pessoas, que trabalhavam 14 dias ininterruptos e folgavam sete dias. Fonseca ajudava na atracação, desatracação e limpeza do convés. Estava na empresa há dez meses. Natural de São Lourenço do Sul, atualmente morava em Rio Grande.